Palmeiras e Flamengo aumentaram seu faturamento em, respectivamente, 238% e 167% nos últimos dez anos e polarizam a briga dos clubes mais ricos do futebol brasileiro.
O crescimento dessas agremiações se baseou em mais de uma fonte de receita (bilheteria, patrocínios e cotas de televisão), diferentemente do que aconteceu com outros clubes líderes de receita nesse período, o que indica que essa situação pode perdurar.
Segundo o levantamento da reportagem com os balanços de times paulistas, cariocas, gaúchos e mineiros, cinco equipes lideraram a lista de maior receita anual do Brasil desde 2009: Corinthians (2009 a 2012), São Paulo (2013), Flamengo (2014, 2016 e 2017), Cruzeiro (2015) e Palmeiras (2018).
As lideranças de Cruzeiro e São Paulo foram resultados de vendas pontuais de jogadores. Já a do Corinthians é graças ao efeito de marketing da contratação de Ronaldo Fenômeno e da conquista do Mundial de Clubes (2012).
“Negócio de ocasião, como venda de atletas, não garante resultado consistente. Os clubes, assim como empresas, precisam ampliar o portfólio, aumentar o escopo de ações. É o que Palmeiras e Flamengo têm conseguido”, diz Joelson Gonçalves de Carvalho, professor de economia da Ufscar.
A dupla virou o jogo na segunda metade desta década. Em 2009, o time alviverde faturava R$ 205 milhões e o rubro-negro, R$ 215 milhões (em valores corrigidos). Ambos estavam atrás de Corinthians, Cruzeiro, São Paulo e Internacional -este último foi o único que viu o seu faturamento cair de 2009 (R$ 316 milhões) a 2018 (R$ 311 milhões).
Salto
Segundo Pedro Daniel, diretor executivo da empresa de auditoria EY, Palmeiras e Flamengo lideram graças ao tripé bilheteria, patrocínio e cotas de TV. Ele ressalva que os cariocas conquistaram um crescimento orgânico, sem aporte de investidor, caso dos paulistas com a Crefisa. “Há uma consolidação notória de Flamengo e Palmeiras, assim como o Corinthians teve com a presença de Ronaldo e a performance em campo até o título mundial”, disse.
Em 2018, o Palmeiras arrecadou menos que o Corinthians em direitos de transmissão, porém obteve R$ 103 milhões com patrocínios ante R$ 43 milhões do clube alvinegro. Após a construção do Allianz Parque, o clube também teve um aumento na receita com bilheteria. No ano passado, arrecadou R$ 119 milhões em venda de ingressos, enquanto o Corinthians contabilizou metade desse valor.
O Flamengo mudou de situação na gestão de Eduardo Bandeira de Mello, que assumiu em 2013. O clube rubro-negro havia fechado os dois anos anteriores com dívidas: R$ 422 milhões, em 2013, e R$ 444 milhões, em 2012.
“Tivemos que cortar na carne para atacar o endividamento e, por sorte, teve a aprovação do Refis (programa de refinanciamento)”, disse Mello. “Parcelamos R$ 240 milhões no Profut, sem esse peso, começamos a sanar dívidas bancárias e ações trabalhistas”.
Fonte: Diário do Nordeste.