Milhares de pessoas se reuniram em Barcelona no quarto dia de protestos que levaram à pior violência de rua na Espanha em décadas, depois que líderes catalães foram condenados a longas penas de prisão pela tentativa de independência em 2017.
No início do dia, milhares de estudantes foram às ruas, alguns atirando ovos contra a polícia com escudos de choque. Passeatas de toda a região devem convergir para Barcelona na sexta-feira e os sindicatos convocaram uma greve geral para o dia.
“Não é sobre quem é separatista e quem não é – é sobre direitos humanos”, disse Aila, uma estudante que se recusou a dar o nome de sua família.
A Suprema Corte da Espanha considerou nove políticos e ativistas culpados de sedição na segunda-feira e os condenou a até 13 anos de prisão.
Milhares fizeram barricadas no aeroporto na segunda-feira, cancelando voos e deixando turistas retidos. Na quarta-feira, quase 100 pessoas ficaram feridas em toda a região, enquanto carros e latas de lixo foram incendiados durante a noite.
A independência é uma questão altamente divisória que polariza a região rica e inflama o sentimento político no restante da Espanha. Nem aqueles que desejam se separar da Espanha nem os que defendem a unidade constituem uma maioria na população da região.
Líderes pró-independência organizaram um referendo proibido em 2017 e declararam que estavam se separando da Espanha. O governo espanhol imediatamente assumiu o controle da administração catalã e os líderes foram julgados.
Os distúrbios ocorrem em um momento crucial para o primeiro-ministro interino, o socialista Pedro Sánchez, uma vez que ele se prepara para a quarta eleição do país em quatro anos em 10 de novembro.
A oposição de direita pediu uma repressão mais vigorosa ao governo regional pró-independência.
A Catalunha deve realizar uma nova votação sobre a independência da Espanha dentro de dois anos, disse o chefe do governo da região na quinta-feira em um novo desafio para Madri.
Discursando no Parlamento catalão, o chefe regional pró-independência Quim Torra criticou os tumultos, dizendo que a causa separatista é um movimento pacífico.
Mas ele também defendeu o avanço do movimento secessionista, ao afirmar que as sentenças de prisão contra separatistas não impediriam uma nova votação sobre a independência. “Voltaremos às urnas novamente por autodeterminação”, declarou.
A prefeitura de Barcelona informou que 400 contêineres de lixo foram incendiados na quarta-feira e estimou que a cidade sofreu danos que totalizam mais de 1 milhão de euros em dois dias. Alguns moradores da cidade condenaram os distúrbios.
“Isso não representa a maioria dos catalães, seja qual for o lado deles, seja pró-constituição ou pró-independência”, disse Joan, um pequeno empresário de 50 anos.
Fonte: Terra.