Em mais um capítulo da guerra comercial travada entre as duas maiores economias do mundo, entraram em vigor, neste domingo (1º), as tarifas adicionais de 15% impostas pelo governo americano sobre cerca de US$ 112 bilhões de produtos importados do país asiático, com grande impacto sobre os bens de consumo.
Neste domingo, também entrarão em vigor as tarifas retaliatórias de 5% a 10% anunciadas pela China sobreUS$ 75 bilhões em mercadorias americanas, que atingirão principalmente produtos agrícolas e petróleo.
Na última sexta-feira (30), o presidente americano Donald Trump confirmou que as sobretaxas passariam a valer a partir deste domingo. Interrogado pelos jornalistas sobre possibilidade de adiar a entrada em vigor das taxas adicionais, Trump respondeu que “estão em andamento”.
Na última quarta-feira (28), o gabinete da Representação Comercial dos Estados Unidos confirmou oficialmente os planos do presidente Trump de impor a tarifa adicional de 5% sobre uma lista de US$ 300 bilhões em produtos chineses a partir deste domingo e 15 de dezembro.
A lista de alvos inclui ainda TVs de tela plana, dispositivos de memória flash, ferramentas elétricas, suéteres de algodão, roupas de cama, impressoras multifuncionais e alguns tipos de calçados.
A maior categoria de produtos direcionados abrange relógios inteligentes, alto-falantes inteligentes, fones de ouvido Bluetooth e outros dispositivos conectados à internet que foram poupados de uma rodada anterior de tarifas, com importações chinesas estimadas em US$ 17,9 bilhões ao ano, segundo a Consumer Technology Association.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou que toda a economia global sofrerá as consequências. Nos Estados Unidos, a guerra comercial desacelerou a economia, mas Trump alega que suas medidas contra a China “não são o problema”.
O presidente atribuiu a culpa à política monetária do Federal Reserve (Fed), muito criticado por Trump por suas taxas de juros. A incerteza sobre o conflito começa a afetar empresas que planejam investimentos e o ânimo dos consumidores americanos.
As taxas que serão impostas a partir deste 1º de setembro fazem parte das anunciadas pelos EUA sobre um total de US$ 300 bilhões de bens chineses.
No entanto, o governo americano decidiu adiar para a partir de 15 de dezembro a aplicação do imposto, também de 15%, sobre outra parcela dessas mercadorias – como celulares, laptops, brinquedos, videogames, roupas e calçados -, para que não tenha impacto nos preços antes da temporada de compras de fim de ano.
De acordo com a Agência de Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA, as orientações divulgadas na sexta-feira indicaram que não haverá um período de carência para cargas que deixaram a China antes desse período, ao contrário do concedido para mercadorias em trânsito quando os Estados Unidos impuseram um aumento tarifário em maio.
O governo Trump excluiu alguns móveis domésticos de fabricação chinesa, incluindo berços e outros produtos de segurança para bebês, bíblias e outros textos religiosos das rodadas de tarifas de 1° de setembro e 15 de dezembro.
Alguns dos produtos, incluindo modens e roteadores de Internet, foram removidos porque já haviam sido atingidos com tarifas de 25% anteriormente, enquanto outros foram retirados por razões de segurança ou religiosas. Rosários e medalhas religiosas fabricados na China, no entanto, ainda serão atingidos com tarifas de 15% neste domingo.
As sobretaxas que vão valer em 15 de dezembro
A segunda parte das tarifas de 15% sobre mercadorias chinesas não atingidas anteriormente pelos impostos dos EUA está programada para entrar em vigor em 15 de dezembro.
Esta lista representa o coração do setor de tecnologia de consumo, incluindo US$ 43 bilhões em telefones celulares importados da China em 2018; US$ 37 bilhões em laptops e tablets; e US$ 12 bilhões em brinquedos.
Trump adou a aplicação das tarifas sobre esses produtos, dizendo que queria evitar prejudicar as vendas de Natal para a Apple e outras empresas e varejistas.
A lista cobre cerca de US$ 156 bilhões em importações totais da China em 2018, com base em dados do Census Bureau dos EUA, e inclui uma ampla gama de bens de consumo, incluindo louças de plástico, meias, decorações de Natal e roupas.
As tarifas chinesas
De acordo com o Ministério de Comércio chinês, o país vai adotar tarifas adicionais de 5% e 10% sobre um total de 5.078 produtos originários dos EUA.
Entre ele produtos agrícolas, petróleo, aviões de pequeno porte e carros. No caso da soja dos EUA , já sujeita a uma tarifa chinesa de 25%, será atingida por um tarifa extra de 5% a partir deste 1º de setembro.
Também haverá uma tarifa adicional de 10% sobre as carnes bovina e suína oriundas dos EUA. Parte da sobretaxa entrará em vigor neste 1º de setembro, e o restante, em 15 de dezembro.
Já uma tarifa adicional de 10% sobre o trigo, milho e sorgo dos Estados Unidos entrará em vigor a partir de 15 de dezembro.
Também em dezembro, a China adotará tarifa extra de 25% sobre os carros importados dos EUA, medida que fora suspensa durante as negociações comerciais.
E, ainda, poderá aplicar 10% adicionais na importação de alguns veículos americanos. Com isso, a alíquota sobre as vendas de carros dos EUA poderá chegar a 50% em alguns casos, segundo a agência de notícias Reuters.
A China já tem tarifas em vigor no valor de US$ 110 bilhões em produtos dos EUA, variando de 5% a 25%, incluindo soja, carne bovina e suína, frutos do mar, legumes, gás natural liquefeito, uísque e etanol.
Com base nas importações de 2018, existem apenas US$ 10 bilhões em importações dos EUA intocadas, com a maior categoria consistindo em grandes aeronaves comerciais construídas pela Boeing.
Fonte: Economia – iG @ https://economia.ig.com.br/2019-09-01/entram-em-vigor-nos-eua-as-tarifas-sobre-us-112-bilhoes-em-produtos-chineses.html