O mês de abril engloba muitas campanhas importantes para a área da saúde: o Dia Mundial da Atividade Física (6/04), o Dia Mundial da Saúde (7/04) e o Dia Mundial da Luta contra o Câncer (8/04).
Datas diferentes, mas que têm o mesmo propósito: prevenção de doenças e promoção da saúde. Uma das doenças mais temidas é o câncer, segunda principal causa de morte no mundo e, em breve, deve se tornar a primeira. Por isso, essas datas servem de reflexão sobre hábitos saudáveis de vida, que possam minimizar o risco de desenvolver câncer e outras doenças importantes.
Cerca de 9 milhões de pessoas morrem por ano em decorrência do câncer, conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, são mais de 220 mil mortes por essa doença segundo o DataSUS.
“Cerca de 30% dos cânceres mais incidentes podem ser evitados com hábitos saudáveis de vida: exercícios físicos rotineiros, alimentação saudável, restrição do álcool, não fumar ou parar de fumar, manter peso adequado e fazer a vacinação contra HPV e Hepatite B. Esses hábitos podem reduzir cerca de 150 mil casos a cada ano”, enfatiza o oncologista do Centro de Tratamento do Câncer (CTCAN), Dr. Alex Seidel.
A alimentação e a falta de atividade física configuram o segundo mais importante fator de risco para o câncer, atrás apenas do tabagismo, segundo a Sociedade Americana de Câncer (American Cancer Society – ACS), que publica diretrizes de dieta e atividade física para tentar mudar o cenário do câncer, especialmente nos Estados Unidos, no qual estima-se que 18% dos casos desta doença sejam causados por estes fatores.
Entre os principais cânceres associados ao excesso de peso e sedentarismo estão o de endométrio, mama, pâncreas, colon, próstata, estômago, ovário e rim.
“Estima-se que 100 mil casos por ano e 45 mil mortes no Brasil sejam em decorrência da má alimentação e do sedentarismo”, comenta o também oncologista do CTCAN, Dr. Alvaro Machado, membro do Conselho Consultivo da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC).
Alimente-se de forma saudável
Uma alimentação saudável é rica em frutas, verduras, legumes e grãos, de preferência in natura. Evitar a gordura animal e reduzir a carne vermelha estão entre as recomendações. Também é preciso evitar alimentos industrializados, multiprocessados, como salsichas, presuntos, defumados, conservados em sal, biscoitos e alimentos adoçados artificialmente. Álcool e tabaco devem ser evitados.
“Adoçados, industrializados e multiprocessados são alimentos inflamatórios, que estimulam e promovem o câncer”, observa Machado.
Movimente-se
Pesquisas também apontam que a quantidade de tempo gasto sentado aumentou significativamente nas últimas décadas. “As telas viraram um problema para a saúde. Tudo ficou ao alcance da mão, sem sair do lugar. Precisamos criar uma cultura de atividade física regular e alimentação saudável para contrabalancear esta facilidade que tende a aumentar o sedentarismo”, destaca o oncologista.
Atividades aeróbicas como caminhada acelerada, corrida, bicicleta, dança, lutas e outras estão entre as inúmeras opções. “A Sociedade Americana de Câncer recomenda cinco horas por semana para adultos e uma hora diária para crianças e adolescentes”, ressalta Machado.
Prevenção e diagnóstico precoce são essenciais
Um dos principais desafios da área da oncologia e também de outras áreas da saúde é o diagnóstico precoce, que aumenta significativamente as chances de cura do paciente.
“As pessoas devem fazer os exames de rotina, mesmo quando não apresentam nenhum sintoma, como o exame ginecológico com Papanicolau, mamografia, pesquisa de sangue oculto nas fezes, colonoscopia, exame de toque da próstata e dosagem do PSA no sangue. Além disso, adotar um estilo de vida saudável é a principal maneira de se prevenir contra o câncer”, comenta o oncologista Alex Seidel.
Covid-19
Os últimos meses trouxeram muitos desafios: para os profissionais de saúde, que prestam seus serviços em circunstâncias difíceis e vão trabalhar com medo de levar a COVID-19 para casa; aos alunos, que tiveram que se adaptar às aulas à distância, com pouco contato com professores e colegas e preocupados com o futuro; aos trabalhadores, cujos meios de subsistência estão ameaçados; ao grande número de pessoas presas na pobreza ou em ambientes humanitários frágeis com muito pouca proteção contra a COVID-19; e para pessoas com condições de saúde mental, muitas das quais estão ainda mais isoladas socialmente do que antes. Sem falar em como lidar a dor de perder um ente querido, às vezes sem poder se despedir.
As consequências econômicas da pandemia já estão sendo sentidas em todos os lugares, à medida que as empresas demitem funcionários na tentativa de salvar os negócios ou são forçadas a fechar totalmente.
Uma data que, este ano, provoca uma importante reflexão sobre o momento de pandemia em que o planeta se encontra. “Construindo um mundo mais justo e saudável” é o tema da campanha da Organização Mundial da Saúde (OMS), para conscientizar sobre o impacto das nossas ações no mundo e falar sobre a responsabilidade que temos uns com os outros.
É também uma data para reconhecer o profissional de saúde e sua incansável luta no enfrentamento da pandemia. Um dia para enaltecer aquele que muitas vezes abdica da vida pessoal e da própria família em nome do paciente. Há mais de um ano estamos sendo postos à prova, nesta pandemia, de muitas formas, em todos os âmbitos sociais, sem distinções. E a empatia, agora, é um dos maiores aprendizados que estamos tendo.
No Brasil, os desafios para conter a pandemia são muitos. De acordo com a OMS, já são mais de 330 mil mortes, uma tragédia sem data para acabar. Situação que está gerando inúmeros debates, e mesmo em meio ao caos, podemos observar a abertura de uma grande oportunidade para discussão de questões como a discriminação social, racial, política, religiosa e de gênero ou sexo. Enfim, toda a desigualdade existente em nosso planeta.
Está claro que meios sociais e instituições sem políticas de inclusão e sem a participação de todos os segmentos, não terão perenidade. A inclusão precisa ser uma realidade, principalmente agora, diante da necessidade de tratamento e vacinação contra o coronavírus para todos.
Com a evolução tecnológica e os avanços da ciência, o uso da telemedicina e a descoberta rápida das vacinas renovaram um pouco da nossa esperança, até que todos sejam imunizados. Enquanto isso, nosso papel como cidadãos é cuidar de si mesmo, estender o cuidado aos demais, e contribuir para um mundo mais justo. E o papel dos líderes mundiais, trabalhar para garantir melhores condições de vida e saúde para todos.
É uma tarefa coletiva, a partir de agora, criar novos mecanismos sociais com posturas mais empáticas e práticas mais inclusivas, mais flexíveis e mais participativas, enfim, melhores para o nosso mundo.
A pandemia trouxe muitas oportunidades para mudanças. Peço a todos que reflitam, neste Dia Mundial da Saúde, sobre como podemos ajudar, para que muito em breve este cenário de pandemia seja apenas uma lembrança do passado.
Fonte: Diário da Manhã/Opas/OMS/Economiasc.