A Associação Nacional dos Procuradores da República reagiu, nesta quinta-feira, 5, à escolha de Augusto Aras para o cargo de procurador-geral da República, pelo presidente Jair Bolsonaro.
A entidade ataca a decisão por não seguir sua lista tríplice. Segundo eles, a “ação interrompe um costume constitucional de quase duas décadas, seguido pelos outros 29 Ministérios Públicos do país”. “A escolha significa, para o Ministério Público Federal (MPF), um retrocesso institucional e democrático”. A ANPR convocou os procuradores para um protesto em reação à nomeação.
“O indicado não foi submetido a debates públicos, não apresentou propostas à vista da sociedade e da própria carreira. Não se sabe o que conversou em diálogos absolutamente reservados, desenvolvidos à margem da opinião pública. Não possui, ademais, qualquer liderança para comandar uma instituição com o peso e a importância do MPF. Sua indicação é, conforme expresso pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, uma escolha pessoal, decorrente de posição de afinidade de pensamento”, diz a entidade.
“A escolha anunciada no dia de hoje menospreza, também, o princípio da transparência, na medida em que os candidatos da lista tríplice viajaram o país debatendo, publicamente, com a carreira, a imprensa e a sociedade, os seus projetos, as suas ideias, o que pensam sobre as principais dificuldades e desafios da nossa vida institucional”, afirmam.
A ANPR afirma que, “diante da absoluta contrariedade da classe com a referida indicação, conclama os colegas de todo o país para o Dia Nacional de Mobilização e Protesto, que ocorrerá na próxima segunda-feira (9)”. “Pede, doravante, que todos os membros do MPF se mantenham em estado permanente de vigilância e atenção na defesa dos princípios da autonomia institucional, da independência funcional e da escolha de suas funções com observância do princípio democrático”.
“Esses são princípios fundamentais que alicerçam a nossa fundação e que conduziram, com segurança, a instituição ao longo dos anos, em benefício de sua atuação livre e independente e em favor, unicamente, da sociedade brasileira”, dizem.
“A ANPR fará, ainda, uma reunião extraordinária na próxima semana para discutir, com os delegados de todo o país, sobre a convocação do Colégio de Procuradores da República, instância máxima de deliberação da carreira sobre os assuntos de maior relevo institucional”, conclui.
Antônio Augusto Brandão de Aras, é baiano de Salvador, subprocurador-geral da República, tem 60 anos e integra o Ministério Público Federal desde 1987. É o atual coordenador da 3ª Câmara de Coordenação e Revisão (CCR), que atua em matéria econômica e do consumidor. O subprocurador-geral também atuou nas 1ª e 2ª CCRs que tratam dos assuntos administrativo e criminal, respectivamente, além de integrar o Conselho Superior do Ministério Público Federal (CSMPF).
Augusto Aras também foi procurador regional eleitoral na Bahia (1991/1993); representante do MPF no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (2008/2010) e corregedor auxiliar do MPF (2012/2013), além de ser professor da Escola Superior do Ministério Público da União (ESMPU) desde 2002.
É doutor em Direito Constitucional pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2005), Mestre em Direito Econômico pela Universidade Federal da Bahia (2000). Atualmente, é professor da Universidade de Brasília, lecionando as disciplinas de Direito Eleitoral e Direito Privado.
Fonte: Terra com informações Secretaria de Comunicação Social Procuradoria-Geral da República.